Parece mentira, mas menos de 24 horas depois de seu início, a exposição Sapatos Gigantes _ Santa Maria no Salto: O Orgulho em Ser Daqui tinha pelo menos duas das 11 obras espalhadas pelos corredores do Royal Plaza Shopping danificadas. As peças foram feitas na sexta-feira, no estacionamento do centro comercial e a mostra, que comemora os 90 anos da Eny Calçados, começou no dia seguinte. No domingo, fotos dos estragos estavam na internet.
Segundo relatos de funcionários do shopping, as peças em fibra de vidro, estilizadas por artistas plásticos locais para representar instituições da cidade, encantaram os visitantes. Muita gente parou para admirar as peças e posar para fotos. Para algumas pessoas, porém, isso não foi suficiente. Houve quem entrasse nos calçados, deitasse dentro deles, jogasse lixo e arrancasse pedaços. A pergunta que fica é: por quê?
Pode ser a falta de hábito de interagir com arte. Em museus, ninguém toca nos quadros ou esculturas a não ser que algum aviso permita. Não chega a ser o caso da exposição da Eny Calçados, mas adultos arrancando os lápis que forram um dos sapatos é inaceitável. Em minha opinião, tamanho desprezo não difere do vandalismo de quem ateou fogo numa geladeiroteca do Centro.
_ Ontem (domingo), tirei cinco pessoas de dentro dos sapatos. Claro, elas não gostaram. Acho que muitas pessoas não veem maldade na coisa, não têm noção de que vão danificar as peças. Pior, acham que podem, têm direito a essa liberdade _ relatou o administrador do Royal Plaza, Ruy Giffoni, ao Diário.
Em acordo com a Fundação Eny, Giffoni instalou cordões de isolamento ao redor dos calçados, ontem. A fundação informou que está encaminhando os reparos nas peças danificadas. A que representa a Orquestra Sinfônica de Santa Maria terá de ser totalmente refeito, do molde à pintura. Várias outras peças tiveram de passar por faxina interna.
Os sapatos ficam no Royal até o dia 25. Depois, a exposição vai migrar para os campi do Centro Universitário Franciscano.